terça-feira, 22 de junho de 2021
sexta-feira, 4 de junho de 2021
segunda-feira, 31 de maio de 2021
Naquele dia ...Não!
Naquele dia ...Não!
A campainha da escola tocou, quando o sol cansado de brilhar
decidiu que se devia preparar para uma bela noite de sono. O seu brilho
espalhou-se pelos seus raios e acariciou a Terra que estremeceu ao receber o
seu calor e ao sentir os passos apressados das crianças que corriam para o
portão.
João
moveu-se lentamente junto à parede do edifício, enquanto os seus olhos azuis repletos
de lágrimas examinavam com cuidado todos os espaços ao seu redor. O seu coração
assustado lutava com as sombras que o tinham invadido. Todo ele irradiava medo
e profunda tristeza. As suas pernas trémulas arrastaram-no em direção ao
portão, enquanto a sua mente era assombrada por muitas incertezas: «Estariam
eles à minha espera? O que estarão a planear? Será que me vão humilhar com
palavras ofensivas, com palavrões? Irão gozar comigo? Irão bater-me? Tenho tanto medo que me magoem!
Sinto-me tão sozinho e impotente!».
A uns escassos
metros do portão, ouviu os habituais risos. O seu corpo estremeceu e a sombra
agigantou-se. Num piscar de olhos,
viu-se rodeado pelo grupo de rufias que como hienas raivosas começou a investir
sobre ele. Ouviram-se palavrões, risos de gozo, comentários maldosos
acompanhados por empurrões, pontapés… João paralisado pelo medo, sentiu-se
sufocar nos seus gritos silenciosos.
- Parem!
PAREM!
A voz da
Beatriz soou clara e calma. Os seus olhos
habitualmente serenos tinham agora a dureza de uma rocha, a força de um dragão.
- Parem!
Vocês estão a ser cruéis! O João é um rapaz meigo, inteligente… E é meu amigo.
E amigo dos meus amigos!
Nesse
momento, como que por magia, os amigos da Beatriz apareceram e os rufias
recuaram.
No chão, o João olhou agradecido para a frágil
Beatriz que não teve medo de dizer NÃO !