segunda-feira, 31 de maio de 2021

Naquele dia ...Não!

 Naquele dia ...Não!

        A campainha da escola tocou, quando o sol cansado de brilhar decidiu que se devia preparar para uma bela noite de sono. O seu brilho espalhou-se pelos seus raios e acariciou a Terra que estremeceu ao receber o seu calor e ao sentir os passos apressados das crianças que corriam para o portão.

        João moveu-se lentamente junto à parede do edifício, enquanto os seus olhos azuis repletos de lágrimas examinavam com cuidado todos os espaços ao seu redor. O seu coração assustado lutava com as sombras que o tinham invadido. Todo ele irradiava medo e profunda tristeza. As suas pernas trémulas arrastaram-no em direção ao portão, enquanto a sua mente era assombrada por muitas incertezas: «Estariam eles à minha espera? O que estarão a planear? Será que me vão humilhar com palavras ofensivas, com palavrões? Irão gozar comigo?  Irão bater-me? Tenho tanto medo que me magoem! Sinto-me tão sozinho e impotente!».

        A uns escassos metros do portão, ouviu os habituais risos. O seu corpo estremeceu e a sombra agigantou-se.  Num piscar de olhos, viu-se rodeado pelo grupo de rufias que como hienas raivosas começou a investir sobre ele. Ouviram-se palavrões, risos de gozo, comentários maldosos acompanhados por empurrões, pontapés… João paralisado pelo medo, sentiu-se sufocar nos seus gritos silenciosos.

         - Parem! PAREM!

         A voz da Beatriz soou clara e calma.  Os seus olhos habitualmente serenos tinham agora a dureza de uma rocha, a força de um dragão.

          - Parem! Vocês estão a ser cruéis! O João é um rapaz meigo, inteligente… E é meu amigo. E amigo dos meus amigos!

         Nesse momento, como que por magia, os amigos da Beatriz apareceram e os rufias recuaram.

No chão, o João olhou agradecido para a frágil Beatriz que não teve medo de dizer NÃO !

 Texto coletivo